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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CANCIONEIRO  DE  BURLAS
A Cantiga de Escarnio e Maldicir.


JOAM BAVECA
(  Portugal  )

 

Poeta galaico-português (séc. XIII) que viveu durante os reinados de Fernando III e Afonso X.

 Conviveu com a maior parte dos nossos trovadores e chegaram até nós 30 textos da sua autoria: treze cantigas de amigo; sete cantigas de amor; oito cantigas de escárnio e maldizer; uma tenção e um "partimen" (único exemplar da lírica galaico-portuguesa). A sua obra encontra-se em vários cancioneiros e estudos da época medieval.

Fonte da biografia: https://www.infopedia.pt 

 

VIEIRA, Yara Frateschi.   POESIA MEDIEVAL. LITERATURA PORTUGUESA.   São Paulo: Global, 1987.  208 p.  (Coleção literatura em perspectiva.  Série Portuguesa)        Ex. bibl. Antonio Miranda

 

— Pedr'Amigo, quer'ora ũa rem

                        saber de vós, se o saber puder:

do rafeç'home que vai bem querer

mui boa dona, de quem nunca bem

5            atende já, e [d]o bõo, que quer

outrossi bem mui rafece molher

pero que lh'esta queira fazer bem,

qual destes ambos é de peior sem?

 

- Joam Baveca, tod'home se tem

10          com mui bom hom', e quero-m'eu teer

logo com el; mais, por sem conhocer

vos tenh'ora, que nom sabedes quem

há peor sem; e, pois vo-l'eu disser,

vós vos terredes com qual m'eu tever;

15          e que sab'[r]edes vós que sei eu quem

[é]: o rafeç'hom'é de peior sem.

 

- Pedr'Amigo, des aqui é tençom,

ca me nom quer'eu convosc'outorgar;

o rafeç'home, a que Deus quer dar

20          entendiment', em algũa sazom,

de querer bem a mui bõa senhor,

este nom cuida fazer o peor;

e quem molher rafec'a gram sazom

quer bem, nom pode fazer se mal nom.

 

25          - Joam Baveca, fora da razom

sodes, que m'ante fostes preguntar;

ca mui bom home nunca pod'errar

de fazer bem, assi Deus me perdom;

e o rafeç'home que vai seu amor

30          empregar u desasperado for,

este faz mal, assi Deus me perdom,

e est'é sandeu e estoutro nom.

 

- Pedr'Amigo, rafeç'home nom vi

perder per mui bõa dona servir,

35          mais vi-lho sempre loar e gracir;

e o mui bom home, pois tem cabo si

molher rafeç'e se nom paga d'al,

e, pois el entende o bem e o mal

e, por esto, nõn'a quita de si,

40          quant'[el] é melhor, tant'erra mais i.

 

- Joam Baveca, des quand'eu naci,

esto vi sempr'e oí departir

do mui bom home: de lh'a bem sair

sempr'o que faz; mais creede per mi:

45          do rafeç'home que sa comunal

nom quer servir e serve senhor tal,

porque o tenham por leve, por mi,

quant'ela é melhor, tant'erra mais i.

 

- Pedr'Amigo, esso nada nom val,

50          ca o que ouro serv[e] e nom al,

o a[va]rento semelha des i;

e parta-s'esta tençom per aqui.

 

- Joam Baveca, nom tenho por mal

de se partir: pois ouro serv'atal

55          quem nunca pode valer mais per i;

e julguem-nos da tençom per aqui.

 

*

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Página publicada em abril de 2023


 

 

 
 
 
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